O Último Ato de Ethan Hunt: Grandioso, Caótico e Impossível de Ignorar

Missão Impossível: O Acerto Final – foto: Reprodução

Em Missão Impossível – O Acerto Final, Ethan Hunt (Tom Cruise) retorna para o que é anunciado como o capítulo final da franquia, encerrando três décadas de acrobacias inimagináveis e conspirações globais. Dirigido por Christopher McQuarrie, mantém a fórmula que consagrou a série: ação espetacular, reviravoltas e o carisma indomável de Cruise, mas eleva o tom a um patamar quase operístico, misturando grandiosidade técnica com uma narrativa que oscila entre o épico e o excessivamente ambicioso.

A marca registrada da saga sempre foi a aposta em cenas práticas e arriscadas, e aqui não é diferente. Destaque para a sequência submarina, que mergulha o espectador em tensão claustrofóbica, e o clímax aéreo com biplanos, onde Cruise desafia a gravidade em cenas que já estão na lista das melhores da franquia. A direção de McQuarrie mantém o ritmo frenético, mas há uma sensação de que o filme tenta superar seus predecessores a todo custo, resultando em uma montagem que alterna entre momentos que chegam a ser verdadeiramente assustadores de tão perigosos com outros em que parece que estamos vendo uma daquelas paródias com super-heróis em que a música vai crescendo até explodir nos alto-falantes, as bandeiras tremulam e personagens parecem estar posando para um futuro quadro de um momento histórico que acabam arrancando gargalhadas não intencionais da plateia.

A trama continua a batalha contra “A Entidade”, uma IA que ameaça dominar sistemas globais, tema introduzido em Missão Impossível: Acerto de Contas parte 1. Apesar da enorme relevância que o assunto inteligência artificial e as muitas preocupações do mundo real que ela inspira, a luta de Ethan contra as máquinas, toda filmada em efeitos “práticos”, se perde um pouco nas longas e arrastadas explicações dos planos que acabam prejudicando o ritmo.

Tentando dar um fechamento para uma franquia que já tem 30 anos, a produção traz de volta rostos familiares e apresenta novos aliados. Enquanto alguns retornos são satisfatórios (como Luther, Benji e Grace), outros parecem forçados, diluindo o foco na equipe central. Quem perdeu ou não lembrava dos 7 longas anteriores consegue ter uma ideia do que já foi feito em muitos flashbacks usados para dar uma unidade à história mesmo com algumas revelações um tanto forçadas.

Cruise, aos 62 anos, segue como o coração pulsante do filme. Sua dedicação durante cada uma das 8 produções é admirável, sempre disposto a fazer toda e qualquer loucura proposta no roteiro para seu personagem é surpreendente e até anacrônico em um momento em que a maioria dos longas de ação usam e abusam tanto do Chroma Key (aquela tela verde que permite que se filme qualquer coisa dentro do estúdio) como o uso de personagens em IA que eliminam todo tipo de risco, Tom Cruise segue se apresentando como aquele último e resiliente herói de ação que dispensa dublês e faz tudo de verdade.

O Acerto Final é uma obra de contradições. Quando funciona, é uma celebração do cinema como experiência coletiva, com sequências que justificam o preço do ingresso. Quando falha, sucumbe ao próprio peso de momentos acima do tom e um excesso de explicações. Ainda assim, há algo comovente em sua recusa em se render à segurança que a indústria permite; acreditando no poder das escolhas humanas, mesmo que isso signifique explodir submarinos e saltar de aviões sem rede de segurança.

Dica: Assista em IMAX para aproveitar completamente a montanha-russa de quase 3 horas de duração desse capítulo final da franquia. Se é que será mesmo o último capítulo.

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “Missão Impossível: O Acerto Final”:

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