A Vida de Chuck: Um Filme sobre a Beleza de Viver, mesmo no Fim do Mundo

A Vida de Chuck – foto: Divulgação

Chegando aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (04/09), A Vida de Chuck é uma adaptação para as telas de um dos trabalhos mais filosóficos e introspectivos do escritor Stephen King. Nas mãos do cineasta Mike Flanagan, especialista em traduzir o horror na literatura quase sempre assustadora do autor, o conto traz contornos mais assombrosos e surpreendentes do que assustadores.

No livro, a narrativa subverte a ordem convencional do tempo, começando pelo fim: a existência foi esfacelada pela escuridão, enquanto a imagem de Charles “Chuck” Krantz persiste, sorridente em um outdoor, anunciando seus “39 anos de vida de alegria”. Este paradoxo inicial – o apocalipse versus a celebração de uma única existência – é a peça central de um quebra-cabeça emocional que Flanagan monta com precisão e cuidado.

O filme, então, retrocede no tempo, não como um mero exercício de estilo, mas como a única forma possível de entender verdadeiramente uma vida. A viagem inversa pela biografia de Chuck – da sua morte, passando pela sua vida adulta, até a infância numa casa supostamente mal-assombrada – revela-se uma forma de compreender todos os mistérios propostos pela narrativa. A pergunta que move a trama não é sobre como se morre, mas sobre como se vive, como as memórias nos constituem e de que forma a luz de uma pessoa pode brilhar mesmo depois de tudo mais se apagar.

Tom Hiddleston, como Chuck, oferece uma atuação de sublime vulnerabilidade, evitando clichês para entregar um retrato complexo de um homem comum diante do extraordinário. Ele é magnificamente acompanhado por Mark Hamill, em uma performance de beleza austera e comovente como seu avô, e por Chiwetel Ejiofor, que serve como o nosso guia confuso e maravilhado por este mundo em colapso.

Flanagan, mais uma vez, prova ser o intérprete definitivo de Stephen King para o cinema moderno, menos interessado nos monstros sob a cama e mais nos dramas silenciosos que se passam dentro do coração.
No fim, A Vida de Chuck é um convite não para temer o fim, mas para celebrar a beleza fugaz e milagrosa de estar vivo. E, nessa celebração, encontramos a única eternidade que importa: a que carregamos para sempre em nossa memória.

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “A Vida de Chuck”:

Comente: