Terror em Shelby Oaks: O Novo Pesadelo da Geração Digital

Nesta quinta-feira (30/10), véspera do Halloween, chega aos cinemas brasileiros um filme que promete entregar o medo que todo mundo vai procurar nos cinemas nesta época do ano usando novas formas para fazer horror.
Terror em Shelby Oaks, estreia do youtuber Chris Stuckmann na direção, chega levando para as telas os medos de uma geração que se criou com muito found footage e seguiu tentando desvendar os mistérios de internet, em cada um de seus formatos, dos vídeos aos podcasts.
A trama, que acompanha Mia (Camille Sullivan) em sua busca desesperada pela irmã mais nova, Riley (Sarah Durn), desaparecida sem deixar vestígios, é a espinha dorsal de uma narrativa que bebe da fonte de clássicos atemporais, mas com o olhar de quem aprendeu a temer olhando para a tela de um computador. As referências a O Bebê de Rosemary (1968) estão lá para evocar um mal insidioso e ancestral, que corrói a sanidade de forma lenta, enquanto o DNA de A Bruxa de Blair, e sua estética de câmera na mão, tenta emular os vídeos do YouTube para utilizar como a linguagem nativa desta história.
E é aqui que Stuckmann, com o selo de qualidade assustadora do produtor executivo Mike Flanagan, acerta em cheio. O filme é inteligente ao entender que o terror contemporâneo não reside apenas no que é filmado, mas em como é filmado. A estética de vídeo caseiro do YouTube não é um recurso de baixo orçamento; mas um convite a usar as possibilidades que ele oferece de novas formas. É a mesma sensação de se deparar com um vídeo deepweb ou um relato de testemunha ocular real – uma verdade incômoda e mal-encarada que chega até nós pelo mesmo canal onde consumimos vlogs e tutoriais. Isso gera uma imersão ácida, que dissolve a quarta parede e nos coloca no lugar de Mia, escavando um passado digital em busca de pistas sobre um horror que pode ser grande demais para a tela.
Terror em Shelby Oaks consegue, de fato, assustar. Vai além dos jump scares vazios, com uma atmosfera angustiante construída aos poucos. A busca de Mia por Riley é uma metáfora potente para o nosso próprio tempo: uma era de conexão permanente onde, paradoxalmente, as pessoas podem se perder no vazio digital de forma mais definitiva do que em qualquer floresta.
Para quem busca neste Halloween algo além do terror convencional, que ecoe os medos da sua própria realidade, Terror em Shelby Oaks é um programa mais do que recomendado. É a prova de que os novos contadores de histórias, vindos das plataformas digitais, aprenderam bem com os mestres do passado e estão agora reescrevendo o medo com sua própria linguagem.
Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade
