Maldito Modigliani: A Vida por trás da Lenda

Maldito Modigliani – foto: Autoral Filmes

Chegando aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (13/11), o documentário Maldito Modigliani, da diretora Valeria Parisi foi produzido e lançado originalmente em 2020, centenário da morte do pintor italiano cuja obra teve um grande impacto na arte, demonstrando que existiam outras formas de capturar a imagem de pessoas e expressar essa imagem nas telas.

Com roteiro assinado em parceria com Arianna Marelli, o filme promete mergulhar o espectador no turbilhão criativo e existencial de Amedeo Modigliani, com um foco especial nos anos em que viveu na Paris da chamada Belle Époque.

A premissa é tão sedutora quanto o tema e ao invés de usar o tradicional narrador onisciente ou de especialistas contemporâneos, a história do artista maldito é contada através de vozes daqueles que realmente compartilharam sua vida. Uma escolha que é, sem dúvida, o maior trunfo da obra.

Ao dar voz a personagens como sua amada Jeanne Hébuterne, seu colega e amigo Maurice Utrillo, e sua mecenas e colecionadora Anna Zborowska, o filme tece uma visão multifacetada e profundamente humana do pintor.
Não se trata de uma análise acadêmica distante, mas de um retrato em close, tingido pela subjetividade do amor, da admiração, da cumplicidade e, possivelmente, até do ressentimento. A experiência aproxima-se de folhear um álbum de memórias coletivo, onde cada testemunha acrescenta uma camada de cor e sombra à figura mítica de Modi.

A Belle Époque parisiense, com seu efervescente caldeirão de talentos e sua aura de liberdade boêmia, ganha vida não como um pano de fundo estático, mas como um personagem ativo, essencial para se compreender a arte de Modigliani.

A direção de Valeria Parisi parece compreender que a força da narrativa reside justamente nesta intimidade. O filme passeia sobre as muitas obras-primas do artista – com sua elegância linear e seus rostos alongados e enigmáticos – com os dramas passionais, a pobreza voluntária e a luta incansável por um reconhecimento que, tragicamente, só chegaria após a sua morte precoce. A crítica à sociedade que o ignorou em vida e o glorificou na morte parece estar implícita na própria estrutura do documentário.

Sem revelar detalhes da trama, pode-se antecipar que Maldito Modigliani não é um simples documentário biográfico. É um convite para adentrar o mito pela porta dos fundos, através das salas de Montmartre e dos ateliês poeirentos, guiado por quem amou, invejou e testemunhou o fogo criativo de um dos maiores expoentes da arte moderna.

A proposta audaciosa de resgatar estas vozes do passado tem o potencial de oferecer uma visão comovente e visceral, não apenas sobre a importância da sua obra, mas sobre o custo humano de se viver intensamente pela arte. É uma celebração melancólica de um gênio atormentado, cuja vida, tão breve quanto intensa, continua a fascinar e a inspirar.

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “Maldito Modigliani”:

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