Cinebiografia de Dalton Trumbo é destaque nas estreias de cinema
|Logo após a Segunda Guerra Mundial, durante os últimos anos da década de 40, o crescimento rápido da chamada “Guerra Fria”, colocou o povo americano em pânico, temendo que um ataque comunista fosse lançado a qualquer momento.
A indústria do cinema não ficou de fora dessa paranoia e, não demorou muito para que, os lÃderes por trás de movimentos sindicais dos profissionais de Hollywood começassem a ser perseguidos. É a partir daà que o novo filme do diretor Jay Roach, que chegou hoje aos cinemas brasileiros, começa a contar a história de Dalton Trumbo (Bryan Cranston), um brilhante roteirista, filiado ao Partido Comunista, que de um momento para o outro se vê perseguido e injustiçado, em meio a um dos episódios mais estapafúrdios de toda a história americana.
Tudo começa quando membros das alas mais conservadoras dentro do próprio cinema começam a espelhar essa paranoia, criando uma associação com membros como John Wayne (David James Elliott) e a colunista de fofocas do jornal Hollywood Reporter, Hedda Hopper (Helen Mirren) que se mobiliza para combater o que eles enxergam como uma ameaça ao paÃs e passa a pressionar os estúdios para demitir todos os possÃveis suspeitos.
A chamada “Caça as Bruxas” se aprofunda e Trumbo e mais alguns profissionais acabam presos por desobediência, por seu comportamento diante de polÃticos membros do Comitê de Atividades Antiamericanas (HUAC), estabelecido pelo Congresso para investigar todos os subversivos.
Enquanto espera pela decisão final da Suprema Corte, Trumbo continua trabalhando, um outro roteirista amigo seu, Ian McLellan Hunter (Alan Tudyk) que está de fora da chamada Lista Negra, aceita assinar um dos roteiros mais geniais de Trumbo e o filme “A Princesa e o Plebeu” (1953), chega a vencer o Oscar de Melhor Roteiro daquele ano.
O trabalho de Jay Roach é sempre mais lembrado por conta de comédias como “Entrando Numa Fria” (2000) e “Austin Powers” (1999); mas ele também tem em seu currÃculo filmes de cunho polÃtico como “Recontagem” (2008), feito para a TV sobre a suspeitÃssima recontagem de votos, no estado da Florida, que reelegeu George W. Bush, no ano 2000.
A frente deste drama biográfico, Roach consegue fazer bom entretenimento, com cenas divertidas e sem pesar muito a mão no evitando uma “vitimização” do personagem.
Dalton Trumbo é construÃdo de forma fascinante pelo talento de Bryan Cranston, que é uma figura mais conhecida por seu excelente trabalho no seriado “Breaking Bad”. Seu Dalton Trumbo é um homem difÃcil, mas adorável, que parece ter sempre algo de sarcástico a dizer, chega mesmo a ser impossÃvel deixar de torcer por ele e vibrar cada vez que consegue “bater o sistema” do seu próprio jeito.
“Trumbo – A Lista Negra” é uma grande lição de cinema, sobre um momento em que uma polÃtica absurda e desastrosa tentou matar a arte e quase conseguiu seu intento.
Infelizmente, talvez também por questões polÃticas, o filme recebeu apenas uma indicação ao Oscar 2016, a de Melhor Ator para Bryan Cranston. Em outra premiação, o Globo de Ouro, o filme recebeu duas indicações: Melhor Ator – Drama (Brian Cranston) e Melhor Atriz Coadjuvante (Helen Mirren).
Adriana Maraviglia
@drikared
Assista ao trailer de “Trumbo – A Lista Negra”: