O Melhor Amigo: Romance, Música e Breguice em um Filme que Encanta
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Chegando aos cinemas nesta quinta-feira (13/03), a comédia romântica gay do diretor Allan Deberton é uma bela surpresa para quem não espera que o cinema brasileiro seja capaz de fazer um bom musical. *O Melhor Amigo* não só desafia essa expectativa, mas também celebra o amor de forma exagerada, intensa e sem pudor, abraçando a breguice com orgulho e transformando sentimentos em espetáculo. Com uma narrativa que mistura romance, música e paisagens deslumbrantes do Ceará, o filme é um convite para cantar, dançar e se emocionar.
A trama acompanha Lucas (Vinícius Teixeira), um jovem arquiteto que, frustrado com seu relacionamento atual, decide viajar para Canoa Quebrada. Lá, ele reencontra Felipe (Gabriel Fuentes), uma antiga paixão da faculdade, e se vê envolvido em uma jornada musical que o leva a refletir sobre seu passado e futuro. A química entre os protagonistas é palpável, e o filme aproveita ao máximo o cenário paradisíaco do Nordeste, com uma fotografia que transpira desejo e cores saturadas que evocam a paixão. A câmera dança junto com os personagens, capturando olhares ansiosos e toques furtivos, enquanto a trilha sonora, repleta de hits das décadas de 80 e 90, faz a plateia cantar junto.
Allan Deberton, conhecido por “Pacarrete”(2019), demonstra aqui uma habilidade singular para misturar o melodrama com o lúdico. O diretor não tem medo de ser brega, e é justamente essa falta de pudor que torna o filme tão cativante. Os números musicais, coreografados por Rômulo Vlad, são divertidos e cheios de energia, com um elenco que se entrega de corpo e alma. Destaque para as participações especiais de Cláudia Ohana, Mateus Carrieri e a icônica Gretchen, que interpreta a si mesma e canta sucessos como “Melô do Piripipi” e “Conga Conga”, acompanhada por Esdras de Souza.
No entanto, “O Melhor Amigo” não se limita a ser apenas um musical alegre e despretensioso. O filme também aborda questões como a busca pela autenticidade e a complexidade dos relacionamentos, especialmente quando o passado e o presente se entrelaçam. Lucas, ao se envolver novamente com Felipe, precisa lidar com questões mal resolvidas e descobrir o que realmente deseja para sua vida amorosa. Essa jornada de autoconhecimento é representada de forma vibrante, com uma narrativa que flerta com o melodrama, mas nunca perde a sinceridade.
Em um país tão rico musicalmente como o Brasil, é surpreendente que filmes do gênero ainda sejam raros. “O Melhor Amigo” chega para preencher essa lacuna, mostrando que o cinema nacional pode sim, se entregar ao delírio do musical com a mesma ousadia de Hollywood e Bollywood. Com uma estética tropicaliente, o filme é uma celebração do amor, da música e da diversidade, e prova que, às vezes, é preciso ser brega para ser verdadeiro.
Em resumo, “O Melhor Amigo” é uma comédia romântica musical que encanta pela sua ousadia, pela trilha sonora contagiante e pela forma como retrata o amor jovem como algo quente, vibrante e arrebatador. É um filme que merece ser visto não apenas pelos fãs do gênero, mas por todos que acreditam no poder do cinema para transformar sentimentos em espetáculo.
Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade
Assista ao trailer de “O Melhor Amigo”: