A Fonte da Juventude – Entre Clichês e uma Centelha de Coração

A Fonte da Juventude – foto: Divulgação

Dirigido por Guy Ritchie e lançado em 23 de maio no Apple TV+, A Fonte da Juventude prometia uma aventura cinematográfica repleta de ação e reviravoltas, mas oscila entre um tributo nostálgico a filmes de tesouros perdidos e uma falta gritante de originalidade. O resultado é uma experiência que equilibra entretenimento leve e frustração com oportunidades desperdiçadas.

O longa segue dois irmãos reunidos em uma jornada global em busca de um mito ancestral. Enquanto um é movido pelo legado familiar, o outro é arrastado de volta a um mundo que havia abandonado. A trama, envolta em perseguições e armadilhas, enfrenta a ameaça de vilões ambiciosos e guardiões misteriosos, mas falha em subverter as expectativas do gênero. Ritchie mantém sua marca registrada: cenas de ação dinâmicas, montagem ágil e locações deslumbrantes, da selva a ruínas antigas. A fotografia de Ed Wild brilha ao capturar paisagens épicas, enquanto a trilha sonora de Christopher Benstead, embora funcional, reforça a atmosfera de aventura sem surpreender.

John Krasinski e Natalie Portman sustentam o filme com uma química que mescla sarcasmo e afeto fraternal, apoiada mais no carisma dos atores do que no roteiro. Eiza González também se destaca em um papel que exige mistério e ação, mesmo que superficial. Porém, o maior problema é a dependência de clichês: Ritchie recicla elementos de ícones como Indiana Jones e A Múmia, mas não consegue injetar alma nova na fórmula. As sequências de ação, embora bem coreografadas, são previsíveis, e os diálogos soam como esboços de piadas que nunca decolam.

O roteiro, escrito por James Vanderbilt, poderia explorar temas complexos como ambição e sacrifício, mas opta por uma trama linear, repleta de enigmas simplistas e personagens pouco desenvolvidos. Um momento final tenta resgatar a narrativa com uma reflexão moral, mas chega tarde demais para compensar horas de superficialidade.

Com apenas 32% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme marca uma das piores avaliações na carreira de Ritchie. Críticos apontam a “direção sem inspiração” e a “história genérica”, enquanto o público se divide entre quem o vê como diversão passageira e quem lamenta a falta da ousadia do diretor em obras como Sherlock Holmes.

A Fonte da Juventude é como um tesouro cujo brilho se desfaz sob inspeção. Ritchie demonstra competência técnica, mas entrega um produto que parece feito para catálogos de streaming, sem riscos ou inovação. Para fãs do gênero, vale pela química do elenco e ação competente; para os demais, é um lembrete de que até cineastas talentosos podem naufragar na mediocridade quando a fórmula substitui a criatividade.

Adriana Maraviglia
@revistaeletricidade

Assista ao trailer de “A Fonte da Juventude”:

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